quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

nas arestas de nossos paus e grelos















Um dente de elefante apontado para o céu
eleva-se no interior de nossas bocas,
por certo busca longínquas estrelas
de elevadas galáxias,
por certo nasceu ali para conversar
com os ídolos da Ilha de Páscoa

Um olho de javali gigante nasce
no centro de nossas barrigas,
por certo para observar
os que caminham no invisível
das dimensões paralelas,
com isso cai por terra
a lei que garante que dois corpos
não ocupam o mesmo lugar no espaço,
que duas gemas não cabem num mesmo ovo

Tudo inocente, nada inocente...
teus seios nos meus seios vivendo a viagem
da volta, do retorno,
do encontro com a super nova...
mundos nada complexos
e complexos nascem nos bicos de nossos seios
no exáto momento que nossas bocas
repletas de línguas se encontram
nos bicos de nossos seios,
nas arestas de nossos paus e grelos

(edu planchêz)

a sagrada jóia de morango, chocolate e creme













"O verdadeiro amor nunca envelhece"



Repartindo com os olhos as cortinas
para que o sol da meia-noite e meia
deflore-me, faça de mim seu cão, seu amante...

Abri a geladeira de meu pai, fui até congelador
e peguei os últimos capítulos do sorvete ali guardado...
minha boca pagã se delicia com a sagrada jóia
de morango, chocolate e creme

(edu planchêz)

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Minha poesia que não é minha


"Uma luz azul a se extinguir e renascer com mais intensidade indo em direção ao futuro"
(Jack Kerouac- On The Road)



(para Flá Perez)







"Uma luz azul a se extinguir
e renascer com mais intensidade indo em direção ao futuro"
para ela abro as portas da casa,
as portas da caverna onde ruminei pelas últimas décadas
as ervas de minha próspera ciência

Eu, o galo que subia à torre dos antigos rastejando
para receber sobre a cabeça a crista,
a lua azul de meus irmãos de sangue,
de meus irmãos celestes,
as "Elegias de Duíno"...

Rainer Maria Rilke
vestido com as vestes escarlates do infante Dom Henrique
se punha a rir e a chorar no momento que Artaud descia chapado de estrelas
pelos fios da chuva que imagino agora cair
do outro lado do que nunca vi

Minha poesia que não é minha
pertence ao magma, aos diamantes que são nossos pés

(edu planchêz)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O FALCÃO QUE VEIO DO NORTE












O falcão que veio do norte do pensamento de Pitágoras
acaricia os ventres dos meus braços
E eu sei que se eu despresar a naturareza,
arrancar uma folha, uma flor, sem pedir licença,
uma febre, uma dor de cabeça,
uma nuvem de mosquito me molestarão,
isso eu aprendi com os Xamãs,
com os "simples" que apenas compreendem
o que dizem os pássaros e as rajadas do vento

A sabedoria milenar não digo que está a se perder,
mas que está fora do alcance da maioria

Esse tempo de sombras há de o mais breve exaurir-se,
conscio estou que esse breve encontra-se nas mãos
com quem esse poema fala

(edu planchêz)

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Alumiar a mim mesmo



Alumiar a mim mesmo nessa hora estranha
( de alguma dor),
com as orações e os brinquedos que o mestre...
que os mestres me deram
durante as constante chuvas de maio,
durante os pesadelos implacáveis

Vou da morte à morte
para na morte acender uma vela
e um relâmpago
Vou do fígado de Marte
ao pâncreas da Terra
para me desenterrar em meio as tripas dos chacais

Guardava esse poema nas costas,
nas vértebras da coluna que sustenta o mundo que ora piso
e os outros mundos ( por certo o mundo de meus ancestrais),
a cordilheira e o abismo de onde viemos

(edu planchêz)

O Cão Andaluz passeia




A borboleta é símbolo soberano da transmutação,
da metamorfose...
e a cor lilaz segundo palavras de Salvado Dali,
"a cor da vibração do ouro,
o alquímico convulsivo em movimento"

O Cão Andaluz passeia
por essa mesa de mármore marrom,
me cheira, cheira o sangue dessas palavras moles
e o lambe

cortar um olho ao meio para ver as imagens
que nele estavam guardadas
pode parecer um disparate,
mas vos garanto que Artaud e André Breton se deciliariam
com tal ação

corte meu olho com teu olho
que a breve a engrenagem do oculto se faz motriz alavanca
para eu e você alcarçamos o "ver"

Parte de mim se encontra nas escarpas
da montanha mais alta
da mais longiqua das estrelas,
a outra parte pousa em tua mãos
untadas com água e esperma quente

Todos amamos esse breu( você pode até negar),
mas é na escuridão que encontramos
nossos milhares de braços e pernas,
parte de nossas faces,
a totalidade do nosso plasma,
todas as amantes que tivemos nas camadas da pele,
e a que as que no futuro hão de se entranhar

(edu planchêz)

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

As rédeas dessa tarde estão bem soltas em minhas mãos


"A maior dor do vento é não ser colorido." (Mário Quintana)


As rédeas dessa tarde estão bem soltas em minhas mãos,
quem sou para possuir tal poder?
Livre é a tarde, livre é você ao ler esse poema
(edu pl
anchêz)